Já há algum tempo que queríamos ver de perto “Last Folio”, em exposição no MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia no Porto. Apesar de ter sido inaugurada no verão, só agora tivemos a oportunidade de conhecer este trabalho impactante. E fomos logo brindados com um anúncio exclusivo: a exposição, cujo término estava previsto para 20 de novembro, afinal vai ser prolongada até 31 de janeiro de 2023!
“Last Folio” é da autoria do fotógrafo Yuri Dojc e da cineasta Katya Krausova, nascidos na antiga Checoslováquia. Trata-se da representação de um dos períodos mais negros da História. Entre imagens de pilhas de livros, edifícios destruídos e rostos sofridos, esta exposição reflexiva convida-nos a olhar profundamente o passado e a repensar o futuro. Vamos contar-te a nossa experiência, mas o melhor mesmo é passares por lá.
Exposição “Last Folio”: o que vais encontrar?
Instalada no MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, em plena Rua das Flores, a exposição “Last Folio” leva-nos a uma viagem impactante. Este périplo pelo tempo foca-se, especialmente, na pequena cidade de Bardejov, no leste da atual Eslováquia e Europa Central.
O acaso levou Yuri Dojc e a equipa do documentário com o mesmo nome, disponível para visualização na Sala da Memória do Museu, a um lugar onde o tempo parou. Isto, “desde o dia em que todos os presentes foram levados para os campos, em 1942”, explica o fotógrafo.
Nas palavras de António Tavares, Provedor da Santa da Misericórdia do Porto:
Não poderíamos acolher esta exposição em momento mais oportuno, mais necessário. É uma manifestação artística e uma representação histórica do que nunca devia ter acontecido, de um erro. São as ruínas de um presente que se interrompeu, mas que se perpetua, e de um futuro que nunca existiu. É perceber que a vida parou e que jamais voltará ao momento de antes. Obriga-nos a sentir a vulnerabilidade de quem ficou para trás e de cada um de nós no agora.”
Como é que tudo começou?
Livros em decomposição, encaixados em prateleiras empoeiradas, edifícios destruídos, vidas destroçadas, que importa recordar. Mas, o mais surpreendente é que neste périplo pelo passado Yuri Dojc encontrou também fragmentos da sua própria família — um livro que pertenceu ao seu avô, Jakub.
Porém, não foi assim que a jornada que culminou neste trabalho começou. Segundo Yuri Dojc, em 1997, no funeral do seu pai, conheceu uma mulher que mudou a sua vida, a Sra. Vajnorska, uma sobrevivente dos horrores do Holocausto.
Ela falou-me das suas visitas diárias a outros sobreviventes, perguntei se poderia acompanhá-la nas suas visitas. Ela concordou. Assim comecei a fotografar estas pessoas e o mundo em que vivem”, conta o fotógrafo, citado na brochura oficial de “Last Folio”.
Um olhar internacional sobre “Last Folio”
A jornada da exposição começou em 2009, na Biblioteca de Manuscritos de Cambridge (Inglaterra).
Depois disso, “Last Folio” já esteve patente no edifício das Nações Unidas, em Nova Iorque (EUA), seguida por Berlim e Moscovo, entre outras capitais um pouco por todo o mundo.
Atualmente, diversas imagens de “Last Folio” já integram parte do acervo permanente da Biblioteca do Congresso de Washington (EUA).