O Dia da Mulher é assinalado, em todo o mundo, a 8 de março. Nesta data, há uma espécie de tendência de se oferecerem flores às mulheres. Naturalmente, este cenário não tem mal nenhum. Contudo, este dia não é um pretexto para se receber bouquets coloridos, mas sim uma recordação da luta das mulheres ao longo dos tempos.
Por aqui, já destacamos algumas mulheres portuguesas ilustres, cujo percurso merece ser celebrado. Contudo, neste artigo o objetivo é outro: queremos explicar-te as origens do Dia da Mulher, traçando um breve olhar pela história até aos dias de hoje. Vamos lá ‘descobrir’ algumas curiosidades?
Índice
Os primórdios das lutas laborais
Para a luta da igualdade de género, o século XX foi fundamental. Porém, não podemos deixar de mencionar a relevância do séc. XIX, numa época em que a Revolução Industrial estava a mudar por completo a face do mundo moderno.
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos da América (E.U.A), registaram-se vários episódios de protestos por parte de mulheres corajosas, que exigiram menos horas de trabalho diárias e direitos iguais aos dos homens. Neste contexto, a cidade de Nova Iorque foi um dos principais epicentros.
Com inspiração nos movimentos anteriores, em 1908, um conjunto de trabalhadoras nova-iorquinas avançou para greve, exigindo o fim do trabalho infantil, bem como o direito ao voto. Logo a seguir, mais concretamente um ano depois, os E.U.A. instituíram o Dia Nacional da Mulher, a 28 de fevereiro.
A revolução das operárias russas
Consta que o 8 de março foi escolhido, pois neste dia, as operárias russas saíram às ruas, levantando a voz por melhores condições de vida, em 1917.
Ao todo, mais de 90 mil operárias marcharam na manifestação que ficou conhecida como “Pão e Paz”, no início da revolução.
Criação do Dia Internacional da Mulher pela ONU
A luta e o espírito de resiliência ao longo da história levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a eleger 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, em 1975.
Segundo o Centro de Informação Europeia Jacques Delors, a data só viria a ser oficialmente reconhecida em dezembro de 1977, por parte da Assembleia Geral da ONU, através da Resolução 32/142.
Um olhar sobre Portugal
À semelhança de outros países, em Portugal as mulheres tiveram que percorrer um longo caminho. Isto, se tivermos em atenção o papel da figura feminina, especialmente durante o regime do Estado Novo. Na década de 30, as mulheres apenas podiam trabalhar mediante a autorização prévia do marido.
Nos anos 60, as mulheres alcançaram o direito de voto. Contudo, este cenário excluía todas aquelas que fossem analfabetas, o que por aquela altura era uma realidade maioritária.
Já com a Revolução de Abril de 1974, chegou uma maior igualdade de todos aos olhos da lei. A par disto tudo, queremos deixar outra nota importante, visto que, desde 2007, o abortou passou a ser legal em Portugal até às dez semanas.
Diferenças salariais
Apesar de já se ter percorrido um longo caminho, ainda há aspetos a melhorar. Por exemplo, atualmente, as mulheres portuguesas ainda recebem menos 13% que os homens.
Estes dados, citados pela RTP, foram avançados pela CGTP que acrescenta ainda que é entre os trabalhadores mais qualificados que se nota mais a desigualdade salarial.
O diferencial é maior em termos percentuais: 24,5% entre os quadros superiores, 14% entre os quadros médios e 16,5% entre os profissionais altamente qualificados”, lê-se na mesma fonte.