Movimentos acrobáticos improvisados ao som de beats que apenas são revelados no momento… Praticar breaking não é fácil, mas tem a capacidade de levar ao rubro quem assiste, mesmo quem não percebe nada. Com a The World Battle 2023 à porta, fomos conhecer melhor este admirável mundo.
Para quem não sabe, este estilo de dança, que se tornou num mantra de vida para muitos, cresceu (e bastante), ao ponto de estar prestes a estrear-se como uma modalidade olímpica. Assim, os Jogos de Paris’2024 vão marcar uma nova era no breaking, na vertente competitiva desportiva.
Afinal, o que é o breaking? Onde e quando surgiu? E qual o papel do Porto? Com o intuito de responder a estas questões, falámos com o Max Oliveira, líder dos Momentum Crew, e responsável pelo MXM Art Center. O resultado não é uma transcrição literal, mas, sim, uma lista imperdível de curiosidades.
Índice
- O que é o breaking?
- Bases musicais com vários estilos
- “Nunca sabem o que vai tocar”
- Como tudo começou & a origem
- Cinco décadas de cultura hip hop
- A primeira crew portuguesa organizada surgiu em Gaia
- O breaking tem uma maior dinâmica no Norte do País
- Cinco critérios de classificação na vertente desportiva
- Cypher, a essência do breaking
- O breaking nos Jogos Olímpicos
- 32 é o número de atletas que vão estar em Paris 2024
O que é o breaking?
O breaking é uma dança dinâmica repleta de movimentos acrobáticos, executada por b-boys e b-girls. De modo geral, é um conceito abrangente e equitativo, porque engloba dois géneros. Há órgãos mediáticos que aplicam o termo breakdance, mas este não é o mais correto.
Bases musicais com vários estilos
Contrariamente ao que se possa pensar, nos seus primórdios as pessoas não dançavam ao som de hip hop. Segundo Max Oliveira, os jovens movimentam-se ao ritmo de break beats:
Ou seja, ritmos partidos de músicas que eram da época do funk, soul, de sonoridades com influências latinas e de rock, tocadas com instrumental ao vivo.”
“Nunca sabem o que vai tocar”
Se só de olhar já parecia difícil, então imagina agora que sabemos estes detalhes. De facto, o grau de exigência da modalidade não se relaciona apenas com o nível artístico e/ou acrobático, mas também com os seus próprios requisitos.
Os b-boys e b-girls nunca sabem que música é que vai tocar, que parte da música e/ou em que ordem é que vai passar. Além disso, não devem repetir movimentos ou sequências. Isto é válido desde o momento da pré-seleção até ao final da competição”, explica Max Oliveira, do MXM Art Center.
Como tudo começou & a origem
O breaking nasceu nos anos 70, na Costa Leste dos Estados Unidos da América (E.U.A), mais especificamente nas zonas do Bronx e de Brooklyn.
Surge nas block parties [festas de rua] de forma muito orgânica e nas áreas de periferia, onde os jovens tinham uma maior predominância. Nessas festas, os b-boys e b-girls já competiam por um lugar na ribalta. Ou seja, havia um certo espírito de mostrar que o seu bairro e/ou grupo era o melhor”, conta ao Porto Secreto, Max Oliveira.
Cinco décadas de cultura hip hop
Acredita-se que uma das primeiras festas de hip hop, chamada “Block Party DJ Kool Herc – Back To School”, teve lugar em 11 de agosto de 1973, às mãos de DJ Kool Herc.
Este momento representa um marco significativo, num movimento onde predominam os ideais: Peace, Unity, Love & Having Fun (em português, “Paz, Unidade, Amor & Diversão”).
A primeira crew portuguesa organizada surgiu em Gaia
Este ‘mundo’ chegou à Europa nos anos 80. De facto, nesta década o movimento do hip hop cresceu muito, graças também à rodagem de vários filmes de Hollywood, como o Beat Street (1984), entre outros.
Contudo, a partir dos anos 90, sentiu-se um abrandamento no crescimento verificado anteriormente. Mesmo assim, foi em 1995, que surgiu, em Vila Nova de Gaia, a primeira crew portuguesa organizada — os Gaiolin City Breakers.
O breaking tem uma maior dinâmica no Norte do País
De acordo com Max Oliveira, o Norte de Portugal destaca-se no que diz respeito a uma maior dinâmica de crews focadas na vertente competitiva desportiva.
Por exemplo, os Momentum Crew que este ano celebram o seu 20º aniversário,um dos grupos mais reconhecidos a nível internacional com 70 primeiros lugares, são provenientes da cidade do Porto.
Cinco critérios de classificação na vertente desportiva
É preciso salientar que no breaking há duas vertentes: uma cultural e outra desportiva.
Em relação a esta última, a pontuação obedece a cinco critérios essenciais, nomeadamente:
- Técnica;
- Vocabulário;
- Execução;
- Originalidade;
- Musicalidade.
Neste contexto, os critérios são avaliados ainda numa perspetiva holística, que respeita o mote “body, mind and soul”, por júris designados para o efeito.
Cypher, a essência do breaking
O cypher é como se fosse uma jam session para os b-boys e b-girls de todo o mundo. Mas, o que é isto? De forma simplista, são círculos onde os praticantes se encontram, seja em festas, clubes ou mesmo ao ar livre.
O objetivo é que todos dancem e partilhem energias, podendo haver ou não um momento de competição entre os envolvidos. Seja como for, aqui não há regras.
Na vertente cultural de breaking, os cyphers também entram. Por exemplo, é o que vai acontecer na The World Battle 2023.
O breaking nos Jogos Olímpicos
Para atrair um público-alvo mais jovem, o Comité Olímpico Internacional (COI) tem procurado modernizar a oferta das modalidades olímpicas. Por exemplo, em Tóquio 2021 assistimos às estreias do surf, skate, escalada e karaté.
Contudo, chegou a vez do breaking entrar no mundo das Olimpíadas, já na edição de Paris 2024. Antes disso, os atletas têm que provar o seu valor nas World Series, num ‘clube’ restrito:
- Porto (Portugal), durante a The World Battle 2023;
- França;
- Japão;
- Brasil;
- Hong Kong.
32 é o número de atletas que vão estar em Paris 2024
O número de atletas para a estreia do breaking como modalidade olímpica é restrito. Neste contexto, apenas vão marcar presença 16 b-boys e 16 b-girls.
Naturalmente, muito mais haveria para ser aqui contado. Porém, continua a acompanhar o Porto Secreto. Pois, estamos a seguir de perto todos os detalhes da The World Battle 2023 – Festival Urbano de Desporto e Cultura!