Os cemitérios enchem-se de flores e lamentos em memória de quem já partiu. No entanto, embora possa soar estranho para uns, a verdade é que para outros estes locais de descanso eterno são sinónimo de riqueza patrimonial. Ou seja, é caso para dizer que são uma espécie de museus a céu aberto.
No Porto vais encontrar verdadeiras obras de arte e a última morada de diversas figuras ilustres, como Camilo Castelo Branco, entre outras. De facto, nos últimos anos o interesse por este tipo de ‘passeios’ aumentou. Segundo o site E-konomista, só na Invicta “as visitas mais do que duplicaram”.
Antes de mergulharmos nestes testemunhos de outros tempos, importa mencionar que Portugal integra a Rota Europeia dos Cemitérios (circuito criado pelo Conselho da Europa, em 2010). Portanto, motivos não faltam. Vamos agora sentir os ecos inauditos do passado.
Cemitério do Prado do Repouso
Este é um dos locais de descanso eterno mais notáveis, ou não fosse o primeiro cemitério público do Porto. Inaugurado em 1829, conta com cerca de 10 hectares, onde predominam histórias, jazigos e árvores.
De salientar, em particular, a predominância do estilo neogótico. No Cemitério do Prado do Repouso, há gente ilustre sepultada, tais como Ilse Losa (escritora) e Manuel António Pina (jornalista e autor), entre muitas outras figuras de renome.
- Do poeta Eugénio de Andrade, projeto do célebre arquiteto Siza Vieira;
- Da pintora Aurélia de Souza;
- Do pioneiro do cinema luso Aurélio da Paz dos Reis, etc.
No entanto, as ‘atrações’ do Prado do Repouso não se ficam por aqui, visto que há vários monumentos, como o Ossário das freiras do antigo Convento de S. Bento de Avé-Maria, ou um Cristo em ferro.
📍Largo do Padre Baltazar Guedes
Cemitério de Agramonte
Inaugurado em 1855, na zona ocidental do Porto, este cemitério destaca-se pela sua arte românica. De facto, juntamente com o Cemitério do Prado do Repouso, integra a Rota Europeia dos Cemitérios.
Por ali, encontra-se a última ‘casa’ de figuras de relevo portuenses, como Carolina Michaelis. Além disso, há vários jazigos com esculturas de Soares dos Reis, António Teixeira Lopes e Alves Pinto. Ao mesmo tempo, há numerosos monumentos.
Não podemos falar do Cemitério de Agramonte sem mencionar, claro, o mausoléu em memória das vítimas do trágico incêndio no Teatro Baquet, em 1888, no Porto. Trata-se de uma arca construída com materiais provenientes do antigo edifício, com o objetivo de prestar homenagem às mais de 100 pessoas que perderam a vida no incidente.
📍Rua da Meditação, 80
Cemitério da Lapa
Uma ida ao Cemitério da Lapa pode resultar no desvendar de várias curiosidades relacionadas com a arte tumular. De facto, este espaço é tão interessante a esse nível que, entre maio e setembro, a Irmandade da Lapa promove um ciclo de visitas temáticas.
Contudo, para contar a história deste lugar é preciso recuar até à primeira metade do séc. XIX, época em que a cidade Invicta foi afetada pelo Cerco e uma epidemia de cólera a posteriori. Neste contexto, o elevado número de mortes levou à construção de um cemitério privativo externo à Igreja da Lapa. Por ali, jazem Camilo Castelo Branco e o arquiteto Marques da Silva.
📍Largo da Lapa, 1