A Sétima Arte é uma das formas de arte mais admiradas, tendo dado os seus primeiros passos no século XIX. Mas, qual é a história que impulsionou o cinema português? Quem foi o seu principal ‘motor’? E onde foi gravado o primeiro filme nacional? Neste artigo procuramos dar reposta a estas questões.
Contudo, como já deves estar a prever, a cidade do Porto assumiu um papel muito importante, destacando-se como ‘berço’ do cinema nacional. Apesar de Manoel de Oliveira, ilustre portuense, ser um dos nomes mais sonantes, é preciso recuar um pouco mais no tempo.
De facto, quem começou tudo foi Aurélio da Paz dos Reis. Comerciante, floricultor, amante da fotografia e cinéfilo, este portuense é considerado o pioneiro do cinema em Portugal… E tudo começou em 1896. Ou seja, menos de um ano após a exibição pública do filme dos irmãos Lumière em Paris (França).
Os primeiros passos do cinema português
Fascinado pelo cinematógrafo dos irmãos franceses, Paz dos Reis viajou até Paris para o comprar, mas sem sucesso. Contudo, acabou por adquirir um aparelho semelhante aos irmãos Werner. Este ficou conhecido por Kinematografo Portuguez e cumpria a intenção pretendida: filmar.
Assim, filmou o seu primeiro filme na Rua de Santa Catarina, hoje uma das vias mais movimentadas da cidade, na Camisaria Confiança, uma fábrica, com o intuito de registar o pessoal que lá trabalhava.
“Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança”
Ainda que não tenha sido o primeiro filme a ser filmado em território nacional, foi o primeiro a ser realizado em Portugal por um português, pelo que marca o início da cultura cinematográfica portuguesa.
A estreia pública do cinematógrafo, com a exibição do primeiro filme e outros documentários que retratavam a vida nacional, deu-se a 12 de novembro de 1896 no Teatro do Príncipe Real, hoje conhecido como Teatro Sá da Bandeira.
Apesar de ser o precursor e pioneiro do cinema português, e após ter realizado alguns filmes documentais, acabou por deixar esta atividade. Isto porque, o comerciante do Porto foi perdendo o entusiasmo face à indiferença do País pelas suas criações e esta nova forma de arte.
Sempre apaixonado pela cultura, Paz dos Reis era uma personalidade de respeito e admiração na cidade. Para além de participar nas mais variadas atividades culturais, ocupou o cargo de vereador e presidente substituto da Câmara do Porto. Faleceu em 1931 e está sepultado no Prado do Repouso.