Com a chegada do Senhor de Matosinhos, começa oficialmente a época das festas populares. Por isso, até parece que já se sente o cheiro de sardinhas assadas pelas ruas da cidade. Afinal, o São João é a grande festividade da Invicta. Mas, sabias que este não é o padroeiro do Porto?
De facto, este ‘papel’ compete à Nossa Senhora da Vandoma, também conhecida por Nossa Senhora do Porto. Desde o início da década de 80, esta é a santa padroeira da cidade e representa a devoção a Maria. Porém, é o São João que celebramos em grande. E é aqui que surge a pertinente pergunta: mas porquê?
Motivos para celebrarmos em grande o São João
Segundo reza a lenda, o dia 24 de junho é dedicado a São João Baptista, primo de Jesus Cristo. Diz-se que também João Batista foi um milagre, sendo que sua mãe era virgem, como Maria, e foi o Anjo Gabriel que anunciou a sua gravidez. O seu nascimento foi anunciado com uma fogueira e por isso, hoje, celebramos São João.
Esta é a história que serve de pretexto para as festas de São João. Contudo, crê-se que tem origens pagãs, mas foi, mais tarde, cristianizada pela Igreja (tal como o Entrudo).
Consta-se que as celebrações começaram para festejar o início do solstício deverão e, com ele, a fertilidade das terras e as perspetivas de boas colheitas.
Estes são também os motivos que explicam o alho-porro e os raminhos de oliveira, muito conhecidos pelos portuenses e que ainda hoje saem à rua na noite de São João.
Símbolos sanjoaninos
O alho-porro era considerado um símbolo de fertilidade, pelo que era usado pelos homens que davam na cabeça de quem passava (por isso se diz por cá que dá sorte ter um alho-porro atrás da porta!). Já os raminhos de oliveira significavam os pelos púbicos e eram levados à rua pelas mulheres que punham na cara dos homens que passavam.
Atualmente, não há festa de São João sem os martelinhos de plástico que surgiram para substituir os alhos-porro. Para além disso, e porque fazem um barulho estridente, são também um símbolo de celebração!
A festa de São João é celebrada em várias cidades, mas em nenhuma se celebra como no Porto. Para além dos martelos, alhos e ramos de oliveira, há também a tradição dos balões, lançados por toda a gente, que iluminam o céu da cidade. Mais uma vez, relacionada com motivos pagãos, esta tradição remonta ao culto do sol e luz.
Daí também se explica a fogueira que era habitual fazer, com os meninos a saltar à sua volta, e o recurso a fogo de artifício (que sempre se usa numa celebração, mas tem um duplo significado quando se fala das festas de São João). Também comum na altura do São João, e espalhadas pela cidade, são as cascatas sanjoaninas.
Esta é, sem dúvida, a noite mais longa e animada do ano para os portuenses. É quase como um Natal em junho em que todos saem à rua e a cidade enche-se de música, tradição e rituais (e claro, manjericos com as tradicionais quadras!).
Embora não seja o santo padroeiro do Porto, São João está muito ligado à cidade e, juntamente, com a Nossa Senhora da Vandoma, abençoa o nosso Porto. Na verdade, é como se tivéssemos dois santos padroeiros!