Há boas notícias neste sentido. O debate já está em cima da mesa por cá e noutros países, como Espanha, Alemanha, Islândia e Japão.
Além disso, esta medida foi já aprovada na Bélgica, como parte da nova reforma ao mundo do trabalho. Mas, vamos lá refletir um pouco, será a semana de trabalho de 4 dia uma boa ou má ideia?
Semana de 4 dias de trabalho na Europa
No país vizinho e na Alemanha, o debate ressurgiu com a crise sanitária. Mas a questão que se mantém é: devemos utilizar melhor o tempo de trabalho para salvar empregos ameaçados pelo encerramento?
Por cá, e logo no princípio do ano, António Costa apresentou a proposta. No entanto, as reações dos patrões não foram muito positivas. Entre os argumentos utilizados foram apontados o âmbito ‘irrealista’ da medida, bem como eventuais consequências graves para o aumento de custos e quebra da produtividade.
Mas este assunto está longe de ter ficado encerrado em Portugal. Isto porque, o debate público ainda está, por assim dizer, em ‘lume brando’ devido às recentes eleições legislativas e à formação do novo Governo.
Apesar de ainda não ser uma realidade geral no País, sabe-se que existem algumas empresas que permitem aos seus funcionários optar por esta modalidade. De facto, houve alguns testes neste sentido no último período estival (sem alteração de horários).
Apesar dos testes terem corrido bem, ainda não se conhece nenhuma empresa que tenha resolvido implementar os 4 dias de trabalho por semana.
Uma ideia que não é assim tão recente…
Este debate não é nenhuma ‘moda’. De facto, a discussão sobre a aplicação de um modelo que permita o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal não é nova.
O debate está em cima da mesa desde 1996, graças à lei Robiens. Isto permitiu a semana de 4 dias de trabalho em troca da contratação de, pelo menos, 10% dos empregados com contratos permanentes.
Em contrapartida, as empresas beneficiaram de uma redução das contribuições para a segurança social. Porém, isso foi antes da lei Aubry e das 35 horas.
Queres um bom exemplo? No Japão, a Microsoft decidiu fechar as suas portas todas as sextas-feiras de agosto. Objetivo? Permitir aos seus funcionários um fim de semana completo de três dias.
Queres um bom exemplo? No Japão, a Microsoft decidiu fechar as suas portas todas as sextas-feiras de agosto. Objetivo? Permitir aos seus funcionários um fim de semana completo de três dias.
Contudo, a Microsoft não ficou por aí. Para promover a produtividade, a empresa passou a limitar as reuniões até 30 minutos, realizando-se preferencialmente online.
Takuya Hirano, presidente da Microsoft, insistiu ainda que os dias extra de folga não deveriam ser uma desculpa para trabalhar mais. E o resultado foi avassalador! Mais de 90% dos funcionários ficaram satisfeitos com a experiência.
Quanto à produtividade, aumentou 40% em relação a agosto de 2018. De salientar que esta experiência teve lugar no Japão, um país com números elevados burn out, levando por vezes ao suicídio. Há até uma palavra para isso: “karoshi”.
Bélgica, um caso recente
Recentemente, a Bélgica também adotou a semana de 4 dias de trabalho, isto como parte da sua reforma do mundo laboral.
Os empregadores têm agora a possibilidade de oferecer aos seus trabalhadores a modalidade de uma semana de trabalho com 4 dias, mas também o direito de flexibilizar a sua carga de trabalho semanal.
Assim sendo, será possível acrescentar 7 horas à semana clássica (38 horas) para trabalhar 45 horas semanais, mas beneficiar de 31 horas de trabalho na semana seguinte.
Texto original de Paris Secret.
Edição por Valter Leandro