História é uma das nossas grandes paixões, pelo que é normal encontrares várias curiosidades de outras épocas no Porto Secreto. Contudo, desta vez, vamos levar-te a (re)descobrir uma figura, no mínimo, intrigante. Afinal, já ouviste falar no aterrador Diogo Alves?
Apesar de esta história não ter como cenário a cidade do Porto, achamos interessante partilhar contigo, visto que marcou o mundo do crime em Portugal. Portanto, prepara-te para ‘viajar’ até Lisboa e recuar no tempo até ao século XIX, altura em que Diogo Alves fez ‘tremer’ os portugueses.
De facto, esta figura ‘bizarra’ é digna de um filme de terror, ou de uma série policial ao estilo norte-americano. No entanto, isto não é ficção, mas sim um episódio que ainda hoje continua a ser lembrado. Ou não tivesse a cabeça do ‘serial killer’ sobrevivido até aos dias de hoje. Mas, já lá vamos.
Diogo Alves: quem foi?
Conhecido como o assassino do Aqueduto de Águas Livres de Lisboa, Diogo Alves é considerado um dos primeiros ‘serial killers’ em Portugal. Além disso, o seu nome ficou também para a História, uma vez que foi um dos últimos condenados à morte no País.
Consta que o protagonista da nossa história terá nascido no início do séc. XIX, na Galiza. Porém, terá imigrado ainda muito novo para Lisboa, com o intuito de servir em casas de famílias endinheiradas daquela época. Mas, se tivesse restringido a sua vida a esse serviço não estaríamos a escrever sobre ele.
Breve olhar sobre os crimes
Acredita-se que Diogo Alves, ou “O Pancada” (como ficou conhecido), terá assassinado cerca de uma centena de pessoas, isto ‘apenas’ no Aqueduto de Águas Livres, na capital. Todavia, é impossível precisar com factualidade os números reais.
Segundo algumas teorias, os homicídios no aqueduto terão ocorrido algures entre 1836 e 1839. Geralmente, Diogo Alves escolhia vítimas socialmente desfavorecidas, tais como lavadeiras e agricultores, abordando-as pela ‘calada da noite’.
Como qualquer ‘serial killer’ que se preze, roubar não era suficiente para “O Pancada”. Neste contexto, aproveitava os mais de 60 metros de altura do histórico edifício lisboeta para se ‘livrar’ das vítimas, numa espécie de tentativa de simulação de um suicídio.
Durante algum tempo, os homicídios passaram despercebidos. No entanto, o crescente número de ocorrências levou as autoridades a encerrarem o aqueduto. Mesmo assim, Diogo Alves não deixou o mundo do crime, ‘apenas’ mudou as suas atenções para outros lados.
Um dos últimos condenados à pena de morte
Portugal foi um dos primeiros países europeus modernos a abolir a pena de morte. Segundo o site Infopédia, em 1867 consagrou-se a abolição para todos os crimes. De acordo com a mesma fonte, a última execução ocorreu em 1846. Mesmo assim, o ‘serial killer’ do Aqueduto não escapou.
De facto, foi condenado à morte em 1840, tendo a pena capital sido aplicada no ano seguinte. Mas, queres saber uma curiosidade? Os crimes que levaram Diogo Alves à forca não são aqueles que estás a pensar. Ou seja, com o fechar de portas do edifício lisboeta, decidiu formar uma quadrilha.
Com os seus ‘comparsas’, decidiu começar a atacar casas de família. E foi aí que tudo descambou, tendo sido apanhado no conhecido “Crime da Rua das Flores”, no qual foi condenado por ter assaltado e assassinado um médico e a sua família.
A insólita cabeça em formol
Um dos aspetos que contribuiu para a ascensão do mito deste ‘serial killer’ do séc. XIX foi a sua cabeça. Não estamos a brincar, nem é registo ‘mentiras de 1 de abril’. A verdade é que a suposta cabeça de Diogo Alves foi entregue a um grupo de cientistas, com o objetivo de investigar a eventual origem de tamanha maldade.
Ainda hoje, a cabeça preservada em formol aterroriza as instalações do velho Teatro Anatómico, integrado no Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa. Com um ironicamente sereno, o ‘serial killer’ mais famoso da História de Portugal mira todos de olhos bem abertos!