Localizado estrategicamente na foz do rio Douro, o Forte de São João Baptista da Foz, ou Castelo de São João da Foz como também é conhecido, ‘esconde’ várias camadas de História. Antes dos atuais contornos, este lugar acolheu, nas suas imediações, uma igreja renascentista e a residência de um alto membro do clero, no séc. XVI.
Por ali, contam-se vários momentos do passado, mas também a passagem de uma figura inusitada ao mundo militar, referimo-nos a Florbela Espanca, um dos maiores nomes da poesia portuguesa. Desde as invasões napoleónicas ao Cerco do Porto, vale a pena conhecer melhor a história do Forte de São João Baptista.
Índice
Forte de São João Baptista da Foz
A par da localização estratégica como ponto de defesa marítimo, o Forte de São João Baptista da Foz está envolvido por vistas deslumbrantes sobre o rio e o mar.
Sem esquecer, claro, a beleza do Jardim do Passeio Alegre, um dos espaços verdes mais bonitos do Porto. Este é, portanto, um desses lugares dignos de inspiração e capazes de acolher uma grande poetisa. Mas, já lá vamos.
Um olhar sobre o passado
No site do Instituto de Defesa Nacional (IDN), cuja delegação Norte encontra-se atualmente no Forte de São João Baptista da Foz, pode ler-se o seguinte:
Mandado edificar, em 1567, para defesa da foz do Douro, compreende no seu conjunto, além do forte quinhentista (atribuído ao mestre de fortificações Simão de Ruão), a primeira igreja renascentista edificada em Portugal e o Palácio de D. Miguel da Silva, ambos do arquiteto Francesco de Cremona (1526-1547).”
Segundo a mesma fonte, o lugar conta ainda com vestígios arqueológicos da ermida São João Baptista, da altura do Condado Portucalense.
Transformação
No período posterior à Restauração da Independência (em 1640), Portugal vivia uma fase distinta à era quinhentista — altura em que se destacou como potência naval mundial. Neste contexto, no séc. XVII, o território encontrava-se frágil à invasão de terceiros.
Portanto, verificou-se uma necessidade de reestruturação da defesa costeira. Assim sendo, o Castelo de São João da Foz foi alvo de alterações significativas às mãos do engenheiro francês Charles Lassart. No entanto, estes trabalhos implicaram o sacrifício da igreja renascentista, da qual hoje pouco ou nada resta.
Curiosidades
O passado do Forte de São João Baptista, na freguesia da Foz do Douro, está associado a vários momentos e curiosidades da nossa História. Destacamos os seguintes:
- A fortaleza serviu de prisão política, onde estiveram detidos, por exemplo, monges jesuítas (no séc. XVIII) e várias figuras ilustres;
- Em 1808, deu-se o “hastear da Bandeira Nacional”, num primeiro ato de reação portuguesa contra as invasões napoleónicas;
- No séc. XIX, durante o Cerco do Porto, protegeu o desembarque de mantimentos para as tropas liberais;
- O edifício está atualmente classificado como Imóvel de Interesse Público (podes conhecer outros monumentos relevantes aqui).
No entanto, há uma curiosidade que merece especial atenção, a passagem de Florbela Espanca por este lugar.
Florbela Espanca, a poetisa eleita
O nome de Florbela Espanca praticamente dispensa apresentações. Não obstante a sua curta vida (36 anos), a poetisa eternizou o seu nome na lista de grandes autores da Literatura portuguesa.
Por isso, não deixa de ser interessante assinalar a sua passagem pelo Forte de São João Baptista da Foz, no Porto. Mas, por que motivo Florbela Espanca esteve na fortaleza?
Segundo o site do IDN, esta é a resposta:
No ano de 1921 residiu no Forte com o marido, António José Marques Guimarães, um dos oficiais da guarnição, a poetisa Florbela Espanca.”
O Castelo de São João da Foz é assim um lugar repleto de histórias marcantes para contar.
Onde: Foz do D’Ouro, 4150-196