O Porto e o Norte de Portugal estão repletos de características únicas. Por exemplo, já aqui te mostramos algumas expressões que só quem é da Invicta entende. Ou mesmo, algumas coisas que são normais no Porto e raras noutro sítio qualquer. No entanto, há outro aspeto a ter em conta: a troca dos “v’s” pelos “b’s”.
É algo que nos identifica de imediato mas, ao contrário do que muitos possam pensar, não é apenas uma forma de falar, ou “mania” ou “falta de cultura” dos nortenhos. Na verdade, isto vem da nossa história. Há factos que justificam esta característica já tão intrínseca nos portuenses. E mais, há também um termo linguístico que explica este fenómeno: o betacismo.
Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o betacismo refere-se à
Mudança linguística que consiste na substituição do som [v] pelo som [b] ou vice-versa (ex.: há betacismo na pronúncia de vinho como *binho e de bom como *vom).
Mas por que é que isto acontece?
A língua portuguesa nem sempre foi falada como é hoje. Que descende do latim clássico, já todos sabemos, mas a língua foi sofrendo várias transformações. Camões foi um dos pioneiros na transformação para um pouco do que é hoje, tendo-a livrado de termos mais medievais que existiam na altura.
Mais tarde, também o Padre António Vieira e Fernando Pessoa, por exemplo, tiveram um importante papel na evolução do português para aquilo que é atualmente.
Não há certezas científicas sobre isto, mas há teorias que relacionam esta troca dos “v’s” pelos “b’s” com a evolução da língua portuguesa e, no caso do norte de Portugal, com a influência do galego também.
Antes de a língua portuguesa ser completamente autónoma, no norte de Portugal falava-se o “galaico-português” (tal como na Galiza). Nesta altura, as duas consoantes pronunciavam-se da mesma forma e a sua distinção começou a ser feita apenas mais tarde, pelo que muitos continuaram a fazer a troca das letras. É desta “partilha” que vem a troca dos “v’s” pelos “b’s”. O betacismo é, por isso, um fenómeno linguístico muito comum no português do norte e no galego.
Atualmente, mais do que uma característica da nossa pronúncia, tornou-se também mais um fator que nos distingue do resto do país e, por isso, temos orgulho. O portuense “bai” longe ♥️