O Porto tem vários espaços verdes e culturais de encantar. Neste contexto a Casa e o Parque de São Roque merecem, sem dúvida, uma visita. Já conheces? Se ainda não, então tens mesmo que lá ir, aproveitando sobretudo na época das camélias.
Apesar de durantes alguns anos o edifício ter sofrido um processo de degradação, a recuperação arquitetónica do edifício devolveu-lhe o esplendor de outros tempos. A intervenção no espaço, que reabriu em 2019 como centro de arte, é tão significativa que recebeu uma distinção. O Prémio João de Almada, atribuído pela Câmara Municipal do Porto (CMP), foi criado nos anos 80 e destacou a recuperação da Casa São Roque, do arquiteto João Mendes Ribeiro, na categoria “edifícios não residenciais”.
[A Casa de São Roque] é considerada um dos mais notáveis edifícios da zona oriental da cidade do Porto”, lê-se no portal de notícias da CMP.
Casa São Roque: um pouco da sua história
Para falar da Casa São Roque, é preciso recuar até ao séc. XVIII, altura em que funcionou como mansão e pavilhão de caça. Este cenário era típico das famílias nobres e burguesas do Porto. Porém, o seu passado está longe de se resumir a isso e tem uma ligação ao Vinho do Porto. Mas já lá vamos.
No séc. XIX, o edifício pertenceu à família de Maria Virginia de Castro, que em 1888 casou-se com António Ramos Pinto. Se por um lado Virginia era presença assídua dos círculos sociais e culturais da Invicta. Pelo outro lado, António Ramos Pinto era um abastado produtor e exportador de vinhos do Porto.
Intervenção do arquiteto Marques da Silva no início do séc. XX
Antes de ouvirmos falar de nomes incontornáveis como Siza Vieira e Souto Moura, quem se destacava na arquitetura no Porto era José Marques da Silva. Mas, quem é esta figura?
Marques da Silva contribuiu para várias obras emblemáticas na cidade, tais como: a Estação de São Bento (1896-1916); e o Teatro Nacional de São João (1909-1920), entre outras.
Entre 1900 e 1911, o arquiteto Marques da Silva esteve à frente da remodelação e expansão da Casa São Roque. A seu cargo o edifício transformou-se num verdadeiro palacete romântico, com inspiração nos historicismos franceses do séc. XIX e na Art Nouveau belga.
Jardim do Parque de São Roque
Enquanto o interior nos remete para o ar burguês dum palacete, o exterior transporta-nos imediatamente para um cenário romântico. No séc. XIX, Jacinto de Matos foi o responsável pelo ‘desenho’ dos Jardins do Parque de São Roque.
Ainda hoje, os jardins, com mais de quatro hectares, impressionam pela beleza das suas 200 camélias centenárias e pelas vistas singelas sobre o Douro. Além das famosas flores, podes encontrar um mirante, grutas, caramanchão e um Labirinto de Buxus sempervirens (vê a foto abaixo).
Atualidade: o renascer da Casa São Roque
A Casa São Roque herdou um passado de peso e a ideia é continuar a honrar a sua história, mas de olhos postos no futuro. Com as atuais funções de casa de arte, é possível escolher entre duas visitas temáticas.
Na primeira opção, “Casa e exposição”, podes observar os detalhes arquitetónicos e decorativos do século passado, percorrer a história da família Ramos Pinto, ou visitar a coleção de obras de arte das exposições em vigor.
Na segunda visita temática, as camélias centenárias são as protagonistas. Por vezes, há mesmo visitas guiadas aos jardins, com um copo de vinho do Porto para degustar no final. Mas o melhor mesmo é confirmares no seu site.
Hoje em dia, a Casa São Roque é um espaço que combina história e arquitetura, com uma vista poética e florida sobre o Douro!